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Informativos

  • Comunicação da Diretoria Científica da ABCM

     

     

     

     

     

     

     

     

    Prezados colegas associados da ABCM,

     

    A Comissão Permanente em Ciência e Tecnologia (CCT) da ABCM, através de seus integrantes, os professores José Roberto Arruda, Francis França e Atila Freire organizou no dia 30 de março um simpósio para discutir a situação atual da pesquisa e ensino de pós-graduação nas áreas relacionadas às Ciências Mecânicas no país.

    Existe em nossa comunidade uma preocupação crescente com a qualidade do trabalho que realizamos, acadêmico e científico, e, principalmente, com o caminho que estamos trilhando.

    O resultado do encontro foi sintetizado no texto que segue abaixo e em quatro vídeos cujos endereços eletrônicos podem ser também vistos abaixo.

    O texto e os vídeos possuem como objetivo principal instigar uma reflexão pelos colegas sobre os vários temas de interesse da ABCM.

    Não irei me alongar, mas precisamos atentar para a qualidade de nossos eventos, de nossos cursos de graduação e de pós-graduação e de nossos dirigentes.

    Em particular, precisamos nos preocupar com o quadro de associados e com o papel institucional da ABCM.

    A evolução do quadro de associados é mostrada abaixo. Os números são preocupantes. As estatísticas de 2015 ainda sofrerão mudanças, mas as de 2014 não mudam mais. A partir de 2012 (inclusive) existe uma tendência grande de queda que precisa ser revertida.

    Em conversa recente, o Prof. Renato Cotta me disse que no ano de 2000, o número de associados era de aproximadamente 800.

    A mudança deste quadro depende de cada um de nós, a partir de ações individuais.

    Existe um clima muito pessimista no Brasil com os acontecimentos todos recentes, mas possuímos  em nossas instituições um orçamento e muito a fazer pela educação.

    Saudações aos colegas.

    Atila P. Silva Freire

     

    Videos CTI-MB

    1) O Papel da ABCM: https://www.youtube.com/watch?v=4fsW3CheYA8&feature=youtu.be

    2) Ensino Eng. Mec: https://www.youtube.com/watch?v=c6TVJsv1SqE

    3) Inovaçãoo e Tecnologia: https://www.youtube.com/watch?v=T7x0sjvgOkk

    4)Bases Excelência: https://www.youtube.com/watch?v=p8O2dyIkvks

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Simpósio Ciência, Tecnologia e Inovação em Mecânica no Brasil (CTI-MB)

    Data: 30 de março de 2015

    Local: NDIF, COPPE, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ.

    Organização: Comissão Permanente de Ciência e Tecnologia (CCT) da ABCM 

    Participantes

    Lista de participantes: Jader Riso Barbosa Junior (UFSC), Jose Roberto de Franca Arruda (Unicamp e CCT-ABCM), Atila Pantaleão Silva Freire (UFRJ e CCT-ABCM), Renato Machado Cotta (UFRJ), Luiz Bevilacqua (UFRJ), Aristeu da Silveira Neto (UFU), Valder Steffen Junior (UFU), Luiz Fernando Alzuguir Azevedo (PUC-Rio), Marcílio Alves (USP), Francis Henrique Ramos França (UFRGS e CCT-ABCM)). Luiz Alberto Oliveira Rocha (UFRGS), Gherhardt Ribatski (USP), Edgar Mamiya (UnB), Heraldo Silva da Costa Mattos (UERJ), Alvaro Toubes Prata (UFSC e MCTI), Marcelo Savi (UFRJ).

    O evento teve por objetivo discutir a situação atual da pesquisa e ensino de pós-graduação nas áreas relacionadas às Ciências Mecânicas no país e fazer recomendações que pudessem nortear ações da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas.

    A questão foi dividida em três grupos temáticos, com sobreposição:

     

    Tema 1: Ensino de engenharia no Brasil: graduação e pós-graduação. Como melhorar a qualidade e impacto internacional. Questões de governança de nossas instituições de ensino e pesquisa que vêm impedindo avanços mais concretos nessa direção.

    Tema 2: Ciências Mecânicas no Brasil: Qualidade da pesquisa, sua interação com a indústria e sua inserção internacional. Questões sobre os métodos de avaliação das agências de fomento à pesquisa e pós-graduação no Brasil.

    Tema 3: Futuro da ABCM: Avaliação da qualidade de seus eventos e seu impacto na pesquisa, no ensino e na indústria. Dimensão e perfil do corpo de associados em relação aos objetivos da Associação. Ações para uma maior internacionalização.

     

    O fio condutor das discussões e das recomendações foi a busca por maior impacto e relevância da pesquisa realizada nas Universidades e Institutos de Pesquisa nas áreas da engenharia que envolvem as ciências mecânicas.

    O sistema de pós-graduação brasileiro teve uma forte expansão nas últimas décadas e os grupos de pesquisa mais qualificados conseguiram equipar laboratórios e abordar problemas científicos e tecnológicos relevantes. Entretanto, esse crescimento não foi acompanhado de um padrão homogêneo de qualidade e relevância. Além disso, os laboratórios enfrentam dificuldades operacionais que desviam a energia dos pesquisadores dos problemas científicos. Os pesquisadores ativos enfrentam grandes dificuldades para obter apoio institucional e dificuldades burocráticas que prejudicam as atividades de pesquisa e ensino.

    De um ponto de vista bem abrangente, foi unânime a constatação de ausência de uma política de ciência, tecnologia e inovação clara, que aponte desafios capazes de catalisar o esforço de pesquisa. Sem esse catalisador a atividade de pesquisa se torna difusa e perde em potencial de impacto e relevância para o conhecimento científico e para a sociedade. Um paradigma lembrado foi o do programa Apollo dos EUA, que catalisou a comunidade científica daquele país, com resultados amplos e que ecoam até os dias de hoje. Em menor escala, foram citados programas que catalisaram a comunidade de ciências mecânicas da França: o supersônico comercial Concorde, o trem de grande velocidade e o programa nuclear.  Nosso programa nuclear também foi citado como um programa ambicioso que mobilizou nossa comunidade no passado, mas que foi praticamente descontinuado.

    Discutiram-se algumas ideias sobre possíveis programas que poderiam catalisar não só a comunidade científica, mas todo o país, como um programa de exploração da plataforma oceânica brasileira ou um ambicioso programa energético.

    Essas discussões levaram às seguintes recomendações, que comentamos abaixo:

     

    1)      Eventos científicos da ABCM – menos quantidade e mais qualidade

    A ABCM organiza atualmente um elevado número de eventos científicos. O número e a frequência de realização dos mesmos não tem permitido manter a qualidade desejada. Em especial, chama atenção a falta de debate dos trabalhos apresentados. É desejável que pós-graduandos apresentem trabalhos, mas é essencial que os orientadores estejam presentes nos eventos para promover uma adequada discussão dos trabalhos apresentados. Os grandes eventos são necessários, pois permitem uma visão mais ampla da área de ciências mecânicas e a realização de atividades que envolvem toda a associação, tais como assembleias e reuniões de comitês técnicos, mas sua frequência deve ser revista. No COBEM 2015 apenas cerca de 10% dos trabalhos serão apresentados por autores estrangeiros, não obstante o fato de o evento ocorrer na cidade do Rio de Janeiro. Incrementando a qualidade científica de nossos eventos e buscando uma maior interação com federações e associações científicas internacionais como a IUTAM, IFToMM, IAHT e ASME conseguiremos atingir o objetivo de maior internacionalização dos nossos eventos.

    2)      Reestruturação e fortalecimento dos Comitês Técnicos da ABCM

    Os comitês técnicos têm uma importância fundamental. Deles depende o processo de revisão de trabalhos dos eventos e das revistas da ABCM. O processo atual de criação vem promovendo a multiplicação de comitês de dimensão e nível de atividade muito heterogêneos. A Diretoria e o Conselho da ABCM deveriam promover uma reestruturação dos comitês e impor uma forma de funcionamento mais uniforme. Deve caber aos comitês realizar reuniões não só do comitê executivo, mas de todos os membros interessados, para a discussão dos eventos e revistas da ABCM e para discutir o estado da arte e apontar para a comunidade tendências, temáticas e desafios da área de pesquisa. Os comitês devem ampliar sua atuação promovendo ações visando a maior participação de empresas e de estudantes.

    3)      Valorização das publicações da ABCM

    Poucos autores brasileiros têm submetido artigos ao principal periódico da ABCM que, por outro lado, recebe uma grande quantidade de trabalhos, em geral de baixa qualidade, de países como Irã, Paquistão e Índia. O JBSMSE completa 35 anos em 2015. Essa é uma ocasião para implementar algumas ações para o aumento de sua visibilidade e impacto, tais como a preparação de uma edição especial com artigos de revisão de importantes pesquisadores do país e do exterior e a publicação dos melhores trabalhos apresentados em nossos eventos.

    4)      Maior atuação da ABCM junto aos Governos e ao Legislativo em parceria com outras associações científicas

    A partir dos trabalhos dos comitês técnicos e comissões permanentes da ABCM, a associação deve levantar e debater questões de atualidade para a engenharia nacional envolvendo a pesquisa e a formação de pesquisadores e engenheiros de modo a poder fazer recomendações que possam ser encaminhadas a agências de fomento, governos em nível federal e estadual e poder legislativo. Este evento pode servir de exemplo para esse tipo de ação. Para isso é importante aumentar a interação com outras associações congêneres nas áreas de tecnologia e com a Academia Brasileira de Ciências, a Academia Brasileira de Engenharia e a SBPC.

    5)      Realização de um exame nacional de ingresso para a pós-graduação e cursos ABCM

    Nosso sistema nacional de pós-graduação cresceu de forma considerável, mas enfrenta dificuldades para atingir níveis de qualidade, relevância e internacionalização adequados às necessidades do país. Uma das dificuldades está no recrutamento dos melhores alunos e promoção de maior mobilidade de pesquisadores no país. A ABCM pode dar uma significativa contribuição realizando um exame nacional de ingresso nas áreas de ciências mecânicas. Esse exame pode ser elaborado por membros indicados pelos comitês técnicos e ser aplicado pelas regionais da ABCM e por colaboradores no exterior e pode ser usado pelos programas na seleção de alunos e alocação de bolsas. Além disso, a ABCM deve organizar cursos e mini cursos de pós-graduação, tanto em temas básicos das ciências mecânicas como em temas de ponta, que possam ser ministrados à distância e oferecidos aos programas que desejarem utilizá-los. Essas ações aumentariam muito a visibilidade da ABCM.

    6)      Recomendações às agências de fomento e avaliação

    A ABCM deve fazer recomendações às agências de fomento que fazem avaliações da pós-graduação e da pesquisa. A ABCM entende que a avaliação da produtividade em pesquisa deve enfatizar a produção mais qualificada, ao invés de se dispersar em muitos itens e critérios que poluem a análise. Por exemplo, para avaliar um pesquisador bastaria analisar os artigos de sua autoria publicados em periódicos de qualidade e relevância reconhecidas pela comunidade e respectivas citações, teses de doutorado orientadas concluídas e que geraram contribuições de fato originais, projetos de pesquisa com financiamento de agências ou empresas, patentes e sua citação ou licenciamento, prêmios e distinções recebidos. Por outro lado, na avaliação de programas de pós-graduação seria importante incluir também a avaliação do perfil dos coordenadores.

    7)      Outras ações

    Outras ações da ABCM sugeridas no evento são: (i) formação de um Conselho de Ex Presidentes da ABCM e maior valorização da história da Associação; (ii) prospecção de prédios históricos, com baixo uso ou mesmo abandonados, que pudessem abrigar a ABCM e outras entidades científicas (a exemplo do prédio da Academia Brasileira de Ciências), com a possibilidade de aluguel de parte do espaço para manutenção das associações; (iii) tradução comentada de normas técnicas.

    Todas essas ações partem de um importante pressuposto. A ABCM reúne os principais pesquisadores das áreas de ciências mecânicas no país e sua chancela tem um peso muito maior do que o número de associados pagantes poderia indicar. Numa época em que proliferam as práticas predatórias na ciência, por exemplo na organização de eventos e publicações científicas com fins lucrativos e sem escrúpulos, o poder moderador de associações como a nossa é essencial para a promoção de um sistema de ciência e tecnologia sadio. Os membros e as instâncias da ABCM têm o dever moral de promover a maior participação dos jovens pesquisadores e engenheiros na associação. Precisamos mostrar a eles a importância do trabalho voluntário em prol da comunidade. Essa atividade de extensão pode e deve ser feita através de associações científicas e profissionais e tem um retorno muito positivo para a carreira de um engenheiro ou pesquisador. Por fim, a ABCM deve procurar uma maior aproximação com a indústria, sem perder sua identidade de associação para a promoção das ciências mecânicas no país.